O objectivo deste trabalho é mostrar, através de uma metáfora, o funcionamento de um sistema político de um País e motivar o cidadão a participar mais activamente na política.
Cidadãos da Nação do futebol, unidos pelo espírito do espectáculo competitivo, do entretimento e da vivencia diária da alma clubista, e com a missão de engrandecer o espectáculo, partilham um território, o recinto, a catedral do jogo.
Umas vezes de forma costumeira, outras por plenários e até referendos formularam, modernizam e registam as leis e regras do jogo, numa constituição do estádio, o ente jurídico organizacional do futebol. A lei mãe do futebol orienta e regula a actuação dos elementos constitutivos do estádio, e estabelece os deveres e direitos dos espectadores.
Os árbitros são independentes e asseguram o cumprimento da lei, tendo como executivo a segurança. Podem dar cartões, amarelos ou vermelhos, a todos os intervenientes do espectáculo.
O quarto árbitro é o “ombudsmen” que relata as denúncias provenientes das bancadas onde se encontra o Povo espectador.
O espectador pode escolher um clube, por tradição, coração ou convicção de que o vai servir melhor, proporcionando grandes espectáculos e vitórias.
As bancadas estão divididas em sectores e os conjuntos de sectores fazem o 1º anel o 2ºanel, etc. Os espectadores de cada sector delegam a função de organização da sua participação no espectáculo ás claques que normalmente elegem um chefe, constituindo-se no poder local dos cidadãos.
O órgão coordenador e moderador do estádio, a federação de futebol, é composta por entidades do futebol escolhidos localmente nas bancadas, que são os representantes directos e mais próximos das vontades da sua comunidade.
A federação tem poderes de escrutínio dos intervenientes importantes no espectáculo, e de aprovar as leis e regras do jogo proposto pelas equipas técnicas dos clubes.
A missão dos clubes, participantes no jogo político do futebol, é proporcionar o espectáculo, jogando futebol, executando as regras e tácticas aprovadas pelas respectivas equipas técnicas em assembleia e satisfazer os cidadãos da nação com bom futebol.
O responsável máximo do clube de futebol é o manager, que chefia toda a equipa eleita pelos sócios, e tem como objecto principal convencer os espectadores da nação do futebol a serem seus adeptos, tentando ter maioria absoluta nas bancadas, que permitirá á sua equipa jogar em casa durante 4 anos, o período do jogo.
A equipa com mais adeptos nas bancadas, joga em casa, logo ao ataque delineando estratégias e tácticas para praticar um futebol bonito e satisfatório e o seu manager é eleito pelas equipas técnicas reunidas em plenário, como o chefe do estádio e principal responsável pelo espectáculo.
A equipa adversária, a oposição, organiza-se individualmente ou em coligações de clubes, e a sua função é contrariar os ataques da equipa caseira, cumprindo as regras que estabelecem que acima de tudo têm que propiciar um bom espectáculo de futebol.
As jogadas de ataque quando bem elaboradas e planeadas dificilmente são contrariadas pela equipa adversária, que até pode marcar golos quando as jogadas da equipa governante são mal dirigidas, mal planeadas, mal executadas ou até desarticuladas, respectivamente pelo manager (Presidente e Chefe do Governo), pela equipa técnica (Deputados na Assembleia Nacional), pelos jogadores (o Governo) ou quando os três órgãos não se entendem.
O manager do estádio é coadjuvado pelo capitão da equipa (Vice-presidente) e pode trocar qualquer jogador (Ministros) desde que a sua equipa técnica esteja de acordo.
O treinador adjunto, que por jogar em casa é o coordenador do plenário das equipas técnicas dos clubes (Presidente da Assembleia Nacional) e a equipa técnica do clube maioritário, se concluírem que o seu manager não está a desempenhar as suas funções de acordo com as regras ou quando os adeptos começarem a acenar lenços brancos, podem pedir á federação (Senado) que o substitua.
Depois de 4 anos, ou quando o manager do estádio ou a sua equipa técnica perdem a confiança dos adeptos e são afastados pela federação, o jogo acaba e os cidadãos da nação do futebol escolhem outra equipa, proposta por cada clube concorrente, para jogar em casa, em mais um campeonato de governação.
Pode acontecer que os espectadores estejam divididos de tal forma que não se encontre um clube com maioria absoluta nas bancadas. Neste caso as duas equipas com mais adeptos, vão reforçar-se contratando técnicos e jogadores das outras formações, e os espectadores decidem quem deve ser eleito para manager pela totalidade das equipas técnicas em reunião.
Em Angola, um novo jogo começou em Setembro ultimo, e o clube que mais adeptos colocou nas bancadas, está a jogar sozinho, devido á dispersão dos outros técnicos e jogadores por inúmeros clubes, alguns extintos e outros na segunda divisão.
A legitimidade do actual manager do estádio será efectuada com a sua eleição na assembleia das equipas técnicas a jogar na divisão principal.
Para que o jogo seja efectivo e o espectáculo bonito, há a necessidade dos clubes adversários do maioritário se organizarem em coligações, uniões e fusões para poderem mostrar á nação que são uma alternativa e que também querem jogar em casa.
O judiciário e a segurança funcionam em pleno, sendo necessário aproximar mais o Provedor de Justiça dos espectadores, colocando “quarto-árbitros” em cada fila e sector das bancadas.
A federação, ainda inexistente, pode ser eleita pelos respectivos sectores nas bancadas, em 2010. Os sectores são agrupados por sorteio em três conjuntos de seis Províncias.
O primeiro mandato do grupo A é por 2 anos e os seguintes são de seis. O primeiro mandato dos Senadores do conjunto B é de 4 anos e os seguintes também de seis anos. O terceiro grupo tem já mandatos de 6 anos, fazendo com que 1/3 da Federação seja eleita de dois em dois anos.
As bancadas estão a ser reparadas e modernizadas, condição essencial para que o cidadão possa sentar-se confortável e assistir a bons espectáculos de futebol.
A recuperação física dos sectores, cívica e desportiva dos espectadores locais e a corporalização das federações de futebol locais antecedem o início e realização de campeonatos regionais.
As equipas que participarem no jogo local provêem dos clubes de futebol de âmbito nacional, de outras associações de espectadores e são escolhidas nos sectores locais do território.
A outra intenção desta metáfora é de motivar o cidadão a participar mais activamente na política, porque tal como adoramos o futebol, que é não mais do que um jogo para nosso entretimento, devíamos interessarmo-nos, porque a politica não é mais do que o jogo da vida de cada um de nós, em sociedade.
Se nós discutimos no inicio da semana o jogo, as tácticas e as opções do treinador, no final de semana as estratégias e a escolha dos jogadores para o jogo de domingo que vamos assistir, porque não democraticamente estarmos atentos e participarmos no jogo politico da Nação, conversando e dando opiniões sobre os diversos assuntos do Estado, como por exemplo neste momento constituinte, estudando e divulgando a nossa lei mãe.
Conclusão:
A nação do futebol tem como propósito o espectáculo de futebol, planeado, deliberado e executado pelas equipas dos clubes e a Nação Angolana, soberana e independente tem como objectivo fundamental a construção de uma sociedade livre, democrática, de paz, justiça e progresso social e económico, onde os partidos políticos são os instrumentos que nos proporcionam a unidade nacional, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo de expressão e de organização política e o respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do homem, quer como indivíduo, quer como membro de grupos sociais organizados.
O meu desejo, é de que todos os Angolanos acreditem neles próprios e se divirtam, como parte integrante do jogo político no nosso País.
Bem hajam todos os que participam e trabalham para uma Angola melhor.